O cinquentenário da Sociedade de Cristo no Brasil: história, realidade e perspectivas para o futuro


Duc in altum! [...]
Essas palavras [...] nos convidam  a lembrarmos com gratidão o passado,
a vivenciarmos de todo o coração o presente
e a confiantemente nos abrirmos ao futuro:
Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje;
Ele o será para a eternidade. [cf. Hb 13, 8].
Da carta apostólica de João Paulo II              
Novo millenio ineunte (n. 15).

 

O presente ano de 2007, que já se aproxima do seu término, é para a Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados um ano especial. No dia 8 de setembro e 1932, o então primaz da Polônia, cardeal Augusto Hlond, assinou o decreto de fundação dessa nova congregação religiosa. Por força desse decreto, fundou uma nova comunidade religiosa, confiando-lhe, como carisma, a assistência pastoral aos poloneses que vivem fora das fronteiras do Estado polonês. Em setembro do corrente ano, foram realizadas as solenidades relacionadas com os 75 anos de existência dessa congregação. As solenidades principais realizaram-se em Poznań, onde se encontra a Casa Central da Sociedade de Cristo. Igualmente neste ano ocorre o 30º aniversário da fundação da primeira província nessa congregação, que é a Província de Nossa Senhora Imaculada, na América do Sul. O decreto de ereção foi assinado no dia 8 de dezembro de 1977 pelo então superior geral, pe. Czesław Kamiński SChr. No início de janeiro de 2008 ocorrerá o 50º aniversário da vinda dos primeiros sacerdotes da nossa congregação para o trabalho pastoral na América do Sul, concretamente no Brasil.
 
 
Esses dois aniversários, que se relacionam diretamente com os membros da Sociedade de Cristo no Brasil, mas igualmente com todos aqueles que religiosa ou cientificamente estão ligados com a comunidade polônica brasileira, fornecem uma ocasião oportuna de olhar para o passado e – ainda que superficialmente – voltar o olhar aos primórdios da nossa Congregação e ao seu trabalho pastoral e polônico nesta região do mundo.
 
 
 
Um breve olhar histórico
 
 
No dia 2 de janeiro de 1958, o primeiro membro da Sociedade de Cristo a assumir o trabalho pastoral no seio da comunidade polônica brasileira foi o pe. Czesław Czartoryski. Naquele mesmo ano vieram os seus companheiros, os padres Stanisław Nowak, Zygmunt Supieta e Józef Wojda.
O pe. Stanisław Nowak SChr assim recorda os seus últimos momentos passados na Polônia e os seus passos pioneiros em terra brasileira:
 
 
Em maio de 1957, o superior geral padre I. Posadzy ordenou-me que juntamente com os padres C. Czartoryski e Z. Supieta eu tomasse providências para obter os passaportes e os vistos necessários para viajar ao Brasil. Em meados de novembro, eu já estava de posse dos passaportes e dos necessários vistos. A nossa viagem devia ser feita num navio italiano, de Nápoles até o Rio de Janeiro. O pe. Czartoryski conseguiu ainda um lugar no navio Augustus. Por isso, no final de dezembro iniciou a viagem e chegou ao Rio no dia 2 de janeiro de 1958. Eu e o pe. Supieta devíamos aguardar o navio seguinte, o Conte Bianca Mano, que partiu de Nápoles no dia 20 de janeiro de 1958. Em razão disso, eu ainda fui destinado para ajudar ao pe. T. Długopolski na paróquia de Pęzino. A partir de meados de dezembro, passei os meus últimos dias na Pátria com os familiares. Esse foi o último Natal que passei na Polônia. Juntamente com o pe. Supieta, deixamos a Pátria no dia 22 de dezembro de 1957 e através de Viena e Zurique viajamos a Roma. Naquele tempo, para viajar ao Brasil, podíamos levar da Polônia oficialmente 5 dólares. Tínhamos então, os dois, a importância total de 10 dólares. Antes da partida o pe. Posadzy nos pediu (provavelmente com fins publicitários), que durante a nossa viagem enviássemos cartões-postais a Poznań. Após a nossa estada em Viena, onde nos detivemos por um dia num convento, e após uma breve permanência em Zurique, de onde enviamos os cartões-postais, os nossos recursos financeiros se esgotaram. Chegamos a Roma sem um tostão no bolso. No entanto, na estação estava à nossa espera o antigo secretário do arcebispo Gawlina e o nosso coirmão pe. Franciszek Okroy, que nos levou ao Colégio Polonês, onde devíamos ficar até a partida ao Brasil. No da 18 de janeiro de 1958 – em razão de uma doença do pe. F. Okroy – levou-nos a Nápoles o então pároco dos poloneses na Itália, pe. Władysław Rubin. Ele nos levou também para uma visita a Pompéia. Em Nápoles, no dia 20 de janeiro, às 12 horas, despedimo-nos do pe. W. Rubin e embarcamos no navio Conte Bianca Mano, que devia levar-nos à terra do Cruzeiro do Sul. Assim se iniciou a nossa viagem para o desconhecido. [...] A nossa viagem foi muito tranqüila, com exceção do Mar Mediterrâneo, onde o mar estava um pouco agitado. De Nápoles navegamos até Gênova, onde se encontrava o porto matriz do nosso navio. Depois, através de Cannes, Barcelona, Lisboa e Dacar, chegamos ao Rio de Janeiro no dia 4 de fevereiro, às 13 horas. Havíamos partido da Polônia no dia 27 de dezembro, com uma temperatura de 20 graus negativos. Quando chegamos ao Rio, a temperatura chegava aos 45 graus, e nós vestíamos batinas e casacos de inverno e estávamos sobrecarregados com a nossa bagagem. No porto estavam à nossa espera as irmãs felicianas de Niterói, em companhia da madre Alexandra, futura superiora geral. Não encontramos o pe. Czartoryski no Rio, visto que há havia viajado, em companhia do pe. J. Pitoń, Reitor da Missão Polonesa, para o sul, ao Estado do Rio Grande do Sul. Ficamos, então, esperando no Rio pela volta do pe. Czartoryski, que voltou no final de fevereiro. Nesse ínterim contamos com a assistência das senhoras M. Zaporski, H. Haczyński e S. Pawłowski – prima do pe. Czartoryski. Elas cuidaram para que não morrêssemos de fome, para o que deixavam abastecida a nossa geladeira. A pastoral da colônia polonesa no Rio estava, naquele tempo, a cargo do pe. Franciszek żbik. Com freqüência vinha visitar-nos o pe. Roman Ogiegło. Aparecia também de vez em quando o pe. Stanisław Starowieyski. Após a volta do pe. Czartoryski do Rio Grande do Sul, no dia 4 de março deixamos o Rio e viajamos de avião, via Porto Alegre, a Santo Ângelo, para dali nos encaminharmos ao nosso primeiro posto de trabalho em Guarani das Missões, onde, sob a supervisão do experiente pe. monsenhor Pedro Wastowski, devíamos iniciar o nosso trabalho em meio à comunidade polônica do Brasil.
 
 
A vinda dos primeiros padres da Sociedade de Cristo ao Brasil estava relacionada com a aceitação de paróquias oferecidas pelos bispos locais, ou daquelas que nos seriam entregues por padres diocesanos poloneses. Eventualmente era preciso contar com alguma congregação religiosa que nos entregasse alguma paróquia por ela servida. O pe. Czesław Czartoryski tornou-se o primeiro superior dos padres da Sociedade de Cristo no Brasil. Por isso, já no início da sua estada no Brasil, em companhia do pe. Jan Pitoń CM – reitor da Missão Católica Polonesa – viajou ao Rio Grande do Sul para ali familiarizar-se com a situação e eventualmente assumir alguma paróquia onde vivessem descendentes dos imigrantes poloneses.
 
 
No início do seu trabalho no Brasil, os padres da Sociedade de Cristo assumiram no Rio Grande do Sul duas paróquias. A primeira delas era a paróquia de S. Teresa, de Guarani das Missões. No início, os padres Stanisław Nowak e Zygmunt Supieta ajudaram no trabalho pastoral ao pároco local, pe. Pedro Wastowski. Além disso, o pe. Supieta visitava as colônias próximas onde viviam poloneses, a fim de lhes prestar assistência religiosa em língua polonesa. O pe. Supieta assim descreveu as suas primeiras impressões a respeito da nova realidade com que se defrontou: “Cada novo dia traz um grande número de interessantes observações nesta terra amarela, ou antes vermelha da cor de tijolo e queimada pelo sol. Viajo em carroças puxadas por bois e burros, ou de automóvel, do jeito que dá, e finalmente, quando chove, tenho de me locomover a pé, mas então a gente tira os sapatos, porque eles ficariam presos nessa pegajosa e fértil terra brasileira, tornando a marcha simplesmente impossível”. No dia 2 de setembro de 1958 o pe. Wastowski transferiu a paróquia ao pe. Z. Supieta. Mas oficialmente a tomada de posse pelos padres da Sociedade de Cristo ocorreu apenas no dia 1 de janeiro de 1959. Na presença do bispo Dom Luiz Felipe de Nadal, o pe. Czesław Czarotyski assumiu essa paróquia como o seu primeiro pároco – membro da Sociedade de Cristo.
 
 
O segundo núcleo pastoral a ser assumido foi a paróquia de Nossa Senhora de Częstochowa em Dom Feliciano. Ao mesmo tempo essa paróquia tornou-se a primeira sede do superior da Sociedade de Cristo no Brasil. Em 1966, passou a ser sede da administração regional o seminário de Camaquã, para onde o pe. Stanisław Nowak mudou-se de Dom Feliciano. No final de 1971 foi tomada a decisão de transferir a sede da Sociedade de Cristo para Curitiba, no Estado do Paraná, onde foi construída a Casa Provincial.
 
 
Com o passar do tempo, iam sendo assumidas no Rio Grande do Sul outras paróquias onde viviam descendentes dos imigrantes poloneses. Neste momento os padres da Sociedade de Cristo trabalham em cinco paróquias no Rio Grande do Sul: Guarani das Missões, Dom Feliciano, Carlos Gomes, Áurea e Santo Antônio do Palma, pertencentes a quatro dioceses (Santo Ângelo, Santa Cruz do Sul, Erechim e Passo Fundo).
O Estado seguinte aos qual os padres da Sociedade de Cristo se dirigiram para prestar assistência pastoral foi o Paraná, que no Brasil é o Estado que concentra o maior número de pessoas de descendência polonesa. O primeiro núcleo que a Sociedade de Cristo assumiu foi a paróquia de S. João Batista em Curitiba, onde seus membros trabalham desde o dia 14 de novembro de 1965, isto é, desde o início da sua ereção canônica. O primeiro pároco foi o pe. Stanisław Pagacz. A paróquia seguinte a ser assumida pelos padres da Sociedade de Cristo nesse Estado foi a de Rio Claro do Sul, anteriormente servida pelos padres vicentinos. Essa paróquia é servida pela Sociedade de Cristo desde junho de 1968. Neste ponto é digo de registro o fato de que no dia 6 de outubro de 1966 essa comunidade paroquial comemorou solenemente o centenário da sua existência. Além disso, no dia 23 de fevereiro de 1997, a igreja paroquial de Rio Claro – popularmente chamada Częstochowa Paranaense – foi elevada pelo ordinário da diocese de União da Vitória, Dom Walter Ebejer OP, à dignidade de santuário mariano diocesano.
 
 
Atualmente a Sociedade de Cristo atende no Paraná a 13 paróquias: Rio Claro do Sul, Mallet, Santana, Cruz Machado, Campo do Tenente, Bateias, Campo Largo, Balsa Nova, Virmond, Espigão Alto, além de três paróquias situadas na cidade de Curitiba: S. João Batista, S. Pedro e S. Paulo e Nossa Senhora de Nazaré. As mencionadas paróquias pertencem a quatro dioceses: Curitiba, Guarapuava, São José dos Pinhais e União da Vitória.
Na capital do Estado, em Curitiba, encontra-se a Casa Provincial da Sociedade de Cristo. A bênção solene da nova sede da congregação foi realizada pelo bispo Dom Pedro Fedalto no dia 21 de fevereiro de 1974, por ocasião do término de um retiro dos padres.
 
 
No Estado de Santa Catarina, os padres da Sociedade de Cristo trabalham desde 1986. Atualmente são servidas pela congregação duas paróquias vizinhas: Rio da Prata e Rio do Campo (diocese de Rio do Sul).
 
 
Desde 1963 os padres da Sociedade de Cristo exercem a atividade pastoral polônica que envolve toda a diocese do Rio de Janeiro. O primeiro reitor da igreja polonesa, da parte da Sociedade de Cristo, foi o pe. Czesław Czartoryski e, desde outubro de 1963, o pe. Zygmunt Szwajkiewicz. Graças aos empenhos do pe. Benedito Grzymkowski – que na época era capelão da colônia polonesa – foi criada no Rio de Janeiro a paróquia pessoal polonesa sob o patronato de Nossa Senhora do Monte Claro. Da solenidade relacionada com a instituição dessa paróquia – no dia 8 de novembro de 1970 – participou o cardeal Jaime de Barros Câmara. A assistência pastoral ali prestada envolve os poloneses residentes na cidade, funcionários de escritórios poloneses (com suas famílias), turistas e marinheiros de navios poloneses que chegam ao porto do Rio de Janeiro.
 
 
Na maior cidade do Brasil, que é São Paulo, desde dezembro de 1996 a Sociedade de Cristo presta assistência na capelania polonesa. Anteriormente a comunidade polônica dessa cidade era envolvida pela assistência pastoral dos padres salesianos. O primeiro padre da Sociedade de Cristo a prestar assistência à colônia polonesa local foi o pe. Mirosław Stępień.
 
 
No Estado do Espírito Santo, os padres da Sociedade de Cristo exercem trabalho pastoral na paróquia de S. José em Águia Branca, desde 26 de outubro de 2003. O primeiro pároco da parte da nossa congregação foi o pe. Zbigniew Minta, tendo como vigário o pe. Zbigniew Czerniak. Após a tomada de posse desse núcleo pastoral específico, registrei em minhas anotações de emigrante: “Acredito que o padre Ignacy Posadzy, olhando do Céu para a Águia Branca, sorri ao ver o trabalho dos padres da Sociedade de Cristo no lugar em que ele, como enviado do nosso Fundador, o cardeal Augusto Hlond, fez companhia aos imigrantes poloneses nos primeiros meses após a vinda deles da Polônia”.
 
 
Neste momento a Sociedade de Cristo dirige no Brasil 21 núcleos pastorais. A comunidade provincial conta 37 sacerdotes. No Seminário Maior da congregação, em Poznań, estão se preparando para o sacerdócio dois seminaristas de descendência polonesa do Brasil.
 
 
Realização do carisma da congregação
 
Em comparação com o ministério dos sacerdotes da Sociedade de Cristo em outras partes do mundo, o nosso trabalho pastoral no continente latino-americano, e concretamente no Brasil, possui condicionamentos, natureza e especificidade diferentes. No território deste imenso país que é o Brasil – que João Paulo II chamou de país-continente – as paróquias dirigidas pelos padres da Sociedade de Cristo são muito diferentes entre si quanto a: situação geográfica, condicionamentos sociais e econômicos, realidade étnica, número de fiéis, extensão territorial ou ainda número de igrejas filiais servidas.
 
 
Nesse interessante e ao mesmo tempo complexo mosaico, a Sociedade de Cristo busca a realização do carisma que lhe foi confiado pelo fundador. Se em muitas comunidades polônicas – onde já vive a sexta ou sétima geração dos imigrantes – já é pouco conhecida a língua dos pais, os padres da Sociedade de Cristo procuram manter entre os fiéis de descendência polonesa as variadas manifestações de fé e cultura, bem como os costumes trazidos pelos nossos imigrantes ao Brasil. Nesse sentido deve-se registrar um fenômeno interessante. Eis que em muitos núcleos polônicos surge um interesse cada vez maior pela língua polonesa. Diante das pessoas de raízes polonesas, no seu diversificado e absorvente trabalho pastoral, os sacerdotes da Sociedade de Cristo encontram ainda tempo e disposição para em iniciativas diversificadas preservar nelas a profunda consciência étnica. Naturalmente isso se realiza (de acordo com o que claramente estabelecem os Estatutos da Sociedade de Cristo), sem qualquer mescla de chauvinismo, mas em nome da abertura a outras etnias e do respeito às suas culturas.
Esse desvelo pela realização da tarefa carismática da congregação, no decorrer dos cinqüenta anos passados, manifestou-se também na busca – realizada pelos diversos superiores – de núcleos pastorais em áreas onde podem ser encontradas comunidades polônicas. Nesse período, foram devolvidas, por diversas razões, mais de trinta paróquias. Um fato de difícil compreensão é o afastamento da Congregação da Argentina, onde dirigíamos a pastoral local e assegurávamos assistência espiritual a compatriotas em algumas das maiores cidades desse país, como Córdoba e Rosario. Mas deixemos essa questão aos pesquisadores da história...
 
 
Não cabe, nesta breve dissertação, enumerar todas as ações e empreendimentos concretos dos membros da Sociedade de Cristo no decorrer dos cinqüenta anos de história, na assistência a diversas comunidades polônicas, tanto na área da Província como das paróquias, e até fora delas, atendendo a convites daquelas comunidades onde não existe um sacerdote polonês permanente.
 
 
Palavras de representantes da Igreja e de diplomatas poloneses
 
Constituem uma síntese peculiar do envolvimento dos padres da Sociedade de Cristo em prol da comunidade polônica, bem como uma forma de reconhecimento e apreciação do seu trabalho, as palavras de hierarcas da Igreja e de diplomatas poloneses.
Permito-me citar aqui, primeiramente, a rica mensagem que a comunidade provincial recebeu do Secretário de Estado da Santa Sé:
 
 
Informado a respeito do jubileu dos 25 anos da instituição da primeira Província da Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados na América do Sul, Sua Santidade João Paulo II envia ao Padre Provincial e a todos os participantes das comemorações jubilares expressões de vínculo espiritual e assegura a Sua oração. Rende graças a Deus por todo o bem que ocorreu na Igreja em razão do ministério dos sacerdotes da Sociedade de Cristo, que exercem a sua atividade no continente sul-americano há 44 anos. Um sinal característico desse ministério são as vigorosas comunidades paroquiais dirigidas pela Congregação no Brasil e na Argentina, no que cabe um grande mérito à primeira Província, sob o patronato de Nossa Senhora Imaculada, com sede em Curitiba, instituída no dia 8 de dezembro de 1977. Por ocasião do jubileu de prata dessa atividade, o Santo Padre dirige a toda a Comunidade palavras de gratidão pela solicitude pastoral e pelo dedicado ministério empreendido diante dos emigrantes poloneses e dos seus descendentes. Envolve com a Sua grata memória os sacerdotes que já se afastaram para a eternidade, agradecendo pelo seu trabalho e pelo exemplo de vida que deixaram. Sua Santidade deseja que a Boa Nova anunciada pela Sociedade de Cristo no continente americano produza no terceiro milênio de fé abundantes frutos nos corações humanos. Estimula a assumir as tarefas da nova evangelização segundo o espírito da mensagem da Carta apostólica Novo millenio ineunte: “Duc in altum! [...] Essas palavras [...] nos convidam a lembrarmos com gratidão o passado, a vivenciarmos de todo o coração o presente e a confiantemente nos abrirmos para o futuro: Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; Ele o será para a eternidade! [cf. Hb 13,8]” (n. 15). Que essas palavras fortaleçam toda a Comunidade na sua tarefa de assumir todos os dias os desafios resultantes do carisma apontado pelo Fundador da Congregação, o Servo de Deus Cardeal Auguto Hlond, Primaz da Polônia. Ao Padre Provincial e a toda a Comunidade da Sociedade de Cristo na América do Sul, a todos os participantes da solenidade jubilar – da santa missa concelebrada pelo Arcebispo Metropolitano Pedro Fedalto e da bênção da imagem de Maria Imaculada, o Santo Padre concede cordialmente a Bênção Apostólica. Com saudações em Cristo – Arcebispo Leonardo Sandri, Substituto da Secretaria de Estado (Vaticano, 25.11.2002).
 
 
Eis as palavras de representantes do Episcopado da Polônia:  “Aos Reverendíssimos Padres da Sociedade de Cristo em Curitiba e em todo o Brasil, que trabalham zelosamente pela transmissão do Evangelho e do espírito polonês aos poloneses dispersos pelo mundo [...] – cordialmente envio a minha bênção + José Cardeal Glemp, arcebispo metropolitano de Gniezno e Varsóvia, Primaz da Polônia (29.02.1984)”; “... Antes de mais nada, porém, quero expressar o meu reconhecimento e agradecimento pelo ministério pastoral exercido com grande zelo e dedicação em prol do povo brasileiro de descendência polonesa. Em encontros com diversas pessoas, muitas vezes ouvi expressões de gratidão pela assistência pastoral exercida de acordo com a tradição e a piedade polonesa a serviço da Igreja local no Brasil [...] – bispo Szczepan Wesoły (04.04.1987)”;  “Envio palavras de sincera gratidão aos padres da Sociedade de Cristo, que com o seu dedicado trabalho edificam a Igreja universal, mas também preservam o polonismo. Agradeço igualmente pela hospitalidade verdadeiramente polonesa [...] – bispo Zygmunt Kamiński (25.11.1993)”.
 
 
Alguns anos mais tarde, esses mesmos hierarcas da Igreja na Polônia, por ocasião dos 40 anos do nosso ministério, escreviam na correspondência a nós enviada: “[...] Aprecio o esforço e a dedicação de cada sacerdote e dos seus colaboradores. Envio ao Padre Provincial o cordial agradecimento pelo dedicado serviço à Igreja de Cristo e aos nossos compatriotas que realizam a sua vocação na terra da América do Sul. Formulo votos cordiais para que a Província da América do Sul cresça em número, a fim de que possais responder às grandes necessidades do Povo de Deus [...] – José Cardeal Glemp, Primaz da Polônia (26.01.1998)”; “[...] Por intermédio do Reverendíssimo Padre Provincial, quero enviar a todos os sacerdotes da Província o cordial agradecimento pelo trabalho pastoral e pelos esforços empreendidos para que a pastoral seja cada vez mais frutuosa e para que atinja principalmente aqueles que são os descendentes dos primeiros colonos poloneses. [...] Durante esses quarenta anos, a Congregação conseguiu a sua sede e apresentou muitas realizações na construção e reforma de igrejas, salas e casas paroquiais. As conquistas materiais são visíveis e mensuráveis. Invisíveis, e por isso imensuráveis, são as conquistas espirituais, que existem em grande número. É sobretudo por elas que agradecemos a Deus. Nesse período de quarenta anos ocorreram no Brasil grandes transformações e mudanças sociais, religiosas e econômicas. Tudo isso se reflete também na necessidade de mudanças na pastoral [...] – arcebispo Szczepan Wesoły (22.01.1998)”; “Quero felicitá-los por todas as conquistas no campo missionário, que foram alcançadas pelos sacerdotes da Sociedade de Cristo no continente americano durante os quarenta anos passados. Com efeito, a atividade evangelizadora entre os migrantes da Polônia permite preservar o polonismo e a rica tradição que eles trouxeram da terra natal. Faço votos, igualmente, que o trabalho em prol da comunidade polônica, da mesma forma que em prol de outras pessoas que necessitam da luz do Evangelho, traga o máximo de satisfação e bons frutos. [...] – Zygmunt Kamiński, Bispo de Płock”. Por sua vez o bispo Stanisław Stefanek SChr escrevia: “[...] Durante a minha primeira visita, há mais de um ano, tive a ocasião de conhecer parcialmente a realidade que há quarenta anos conhecia através de cartas e contatos pessoais com missionários que trabalhavam no Brasil e que vinham passar as suas férias na Polônia. Foi justamente o Padre Provincial que dedicou muito tempo, e todos os irmãos abriram as suas portas hospitaleiras para que eu pudesse ver ao menos em parte o grande esforço missionário dos nossos coirmãos [...] (16.01.1998)”.
 
 
Por ocasião das comemorações do 25º aniversário da ereção da Província, que festejamos solenemente no dia 10 de dezembro de 2002, o Primaz da Polônia, Cardeal José Glemp, escrevia: “[...] Eu mesmo pude ver os frutos desse ministério evangélico da Vossa Congregação, cujo início remonta ao ano de 1958. Até hoje relembro os momentos passados convosco durante a minha visita a Curitiba há 18 anos, aqueles alegres e edificantes encontros e a comunidade de oração. Desejo também expressar a minha gratidão pelo Vosso trabalho de consolidação das raízes polonesas entre os descendentes dos mais antigos e dos mais novos emigrados, de manutenção dos vínculos com a Pátria e pela solicitude pelo seu bem. [...] (23.11.2002)”.
 
 
São dignas de registro as palavras dos pastores locais da Igreja, que foram enviadas por ocasião dos quarenta anos do trabalho da Sociedade de Cristo. Eis algumas dessas expressões selecionadas: “Alegro-me com todos os membros da Sociedade de Cristo e almejo especiais bênçãos pela fidelidade ao carisma que vos uniu no serviço a Cristo e em Sua Igreja [...] – Lucas Cardeal Moreira Neves OP, arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil (26.12.1997)”; “Aproveito o ensejo para enviar as minhas felicitações por ocasião do 40° aniversário da presença evangelizadora dos padres da Sociedade de Cristo na América Latina. [...] – Dom Raymundo Damasceno Assis – Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (23.12.1997)’; “[...] Com satisfação felicito pelo esforço em prol do Reino de Deus em nossa Arquidiocese e envio a bênção que me foi pedida. [...] – Cardeal Eugênio de Araújo Sales, arcebispo do Rio de Janeiro (30.12.1997)”; “[...] Já há muitos anos os padres da Sociedade de Cristo trabalham em Córdoba, tanto na paróquia da Santa Cruz como também na assistência espiritual e na ajuda à numerosa coletividade polonesa. Justamente essa realidade me obriga a agradecer e a elevar orações, pedindo ao Senhor, pela mediação da Virgem, para que abençoe e fortaleça a Sociedade, permitindo que ela cresça no perseverante serviço à Santa Igreja. Reverendíssimo Padre: Queira aceitar as humildes e simples expressões de agradecimento que envio como Pastor da nossa Arquidiocese e especialmente como Pastor da comunidade paroquial da Santa Cruz e da comunidade polonesa. [...] – Francisco Raúl Cardeal Primatesta, arcebispo metropolitano (15.01.1998)”; “[...] Asseguro a minha oração de ação de graças elevada a Deus por toda a dedicação e doação no serviço à Igreja. Com as expressões do meu profundo respeito e reconhecimento por todo o bem concretizado nesses 40 anos de trabalho pastoral no nosso continente latino-americano [...]. – Pedro Fedalto, arcebispo de Curitiba (26.12.1997)”.
Quero também registrar com grande respeito um trecho da mensagem do pe. Czesław Kamiński SChr, que, na qualidade de superior geral da Congregação na época, promoveu a ereção da nossa Província. Eis as suas palavras, que nos foram enviadas por ocasião do jubileu dos 25 anos da Província: “[...] Escrevo esta carta a fim de partilhar a Vossa alegria em razão desse acontecimento histórico na vida da Sociedade.                                      Gostaria de convosco agradecer a Deus pelo bem realizado em prol da Igreja e da Sociedade, pelo Vosso desvelo pela salvação das almas, pelo esforço e trabalho despendido na propagação do Reino de Deus. A Sociedade deve muitas graças e bênçãos ao trabalho dos membros da Vossa Província. Lembro essas viagens pelas capelas e o Vosso desvelo pelo bem das almas. [...] (Puszczykowo, 04.12.2002)”.
 
 
Igualmente os representantes oficiais da Polônia no Brasil foram capazes de perceber e reconhecer o trabalho da Sociedade de Cristo no seio da comunidade polônica brasileira. O embaixador Stanisław Pawliszewski escrevia: “Com expressões do mais profundo reconhecimento e respeito pela atividade pastoral e em prol da preservação e do cultivo da tradição da milenar cultura polonesa e da língua polonesa em meio aos emigrados poloneses no Brasil, desenvolvida pela Sociedade de Cristo na América do Sul [...]. (18.06.1990)”. Por sua vez o embaixador Bogusław Zakrzewski expressou-se da seguinte forma: “[...] Em nome das mais altas autoridades da República da Polônia, que tenho a honra de representar, e meu próprio, envio ao Padre Provincial cordiais felicitações e votos de excelentes resultados no trabalho pela preservação, em meio à colônia polonesa local, da herança espiritual do pensamento, da tradição e da cultura, e especialmente da língua  polonesa. Aliando-me em cordial pensamento neste solene momento com todos os padres da Sociedade de Cristo, expresso a Eles a profunda gratidão pelo esforço despendido na preservação do polonismo e formulo os melhores votos de proveitoso trabalho e satisfação nessa importante área [...]. (Brasília, 20.12.1997)”. Por ocasião das comemorações do 25º aniversário da Província, Michał Zawiła, cônsul geral da Polônia no Rio de Janeiro, escrevia: “[...] as mais cordiais felicitações e agradecimentos por todo esse indescritível trabalho despendido no decorrer de um quarto de século. É pesada, mas extremamente grata a atividade dos missionários poloneses – sacerdotes, irmãos e irmãs religiosas – que exercem o ministério em prol da Igreja e da comunidade polonesa no Brasil.Graças a eles milhares de pessoas de descendência polonesa que residem aqui, tão longe do país dos antepassados, para lembrar sucintamente as belas palavras de João Paulo II, preservaram a fé e a tradição cristã com base nos costumes poloneses. Como cônsul polonês, aprecio de maneira especial esse gênero de trabalho [...]. (28.11.2002)”.
 
 
Apresentando ao leitor as palavras acima citadas de tão distintas pessoas, desejaria citar no final o trecho de uma carta do prof. dr. Andrzej Stelmachowski, presidente da Associação Wspólnota Polska, que por ocasião do jubileu da Província escreveu há cinco anos: “[...] Os muitos anos de atividade e engajamento da Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados no seu trabalho pastoral em prol dos nossos compatriotas na América do Sul merecem a admiração e o respeito. [...] (Varsóvia, 09.12.2002)”.
 
 
Os trechos de correspondências acima citados constituem o melhor testemunho do trabalho e do envolvimento dos Padres da Sociedade de Cristo pelo bem da Igreja local e da coletividade polônica.
 
 
Reflexões finais
 
Ao realizar uma reflexão pessoal, ainda que não desprovida da percepção de um observador, a respeito da vitalidade da coletividade polônica no Brasil e a respeito da realização do carisma da Congregação realizado dentro dela pelos padres da Sociedade de Cristo, permito-me apresentar algumas observações finais.
 
 
Há cerca de trinta anos, após alguns meses de permanência neste amável país que para mim é o Brasil, registrei as minhas observações: “Viajei ao Brasil com o desejo de me envolver no trabalho da Igreja local. Não imaginava que me encontraria aqui com uma tão viva tradição de polonismo, que se faz presente nos descendentes dos imigrantes poloneses na fala, no orgulho pela identidade étnica ou em sua fé de características polonesas”. Passados já tantos anos, anotei ultimamente em meus registros de emigrante: “[...] Aqui e ali surgem indivíduos oniscientes que proclamam o amortecimento, ou até a total extinção do espírito do polonismo no Brasil. [...] Não estou certo se os mencionados ‘profetas’ investigaram a coletividade polônica do Brasil de forma profunda e suficientemente objetiva”. É preciso reconhecer que no decorrer desses cinqüenta anos da nossa presença e do nosso trabalho em meio à coletividade polônica brasileira ocorreram muitas mudanças. Ocorreram mudanças de gerações. A globalização, que hoje é geral, exerce a sua influência nas tranformações que ocorrem, inclusive dentro da coletividade polônica. A crescente integração de pessoas de origem polonesa com a sociedade local é um fato social natural. No entanto essa integração possibilita – apesar de tudo – a preservação da identidade étnica da coletividade polonesa neste país hospitaleiro e tolerante. Um olhar atento permitirá perceber a ocorrência de muitas manifestações dessa vital e ativa identidade do grupo étnico polonês no Brasil.
 
 
Infelizmente, podemos também deparar-nos com pronunciamentos que surgem aqui e acolá questionando a oportunidade da presença e do trabalho da Sociedade de Cristo na América do Sul. Talvez esses pronunciamentos sejam motivados pela intensificação, nos últimos anos, das ondas emigratórias da Polônia aos países da União Européia, ou ainda pelo desconhecimento desses cinqüenta anos de profundo engajamento dos membros da Província no serviço à Igreja local e à comunidade polônica. O mais doloroso é que alguns nos acusam de não estarmos cumprindo a tarefa da Congregação. Visto que os Estatutos da Sociedade de Cristo dizem claramente que os irmãos e os padres que trabalham na Polônia participam da missão da Congregação realizando trabalhos e dedicando orações na intenção dos poloneses residentes fora das fronteiras do país, o que se pode dizer a respeito de nós, que prestamos assistência a cerca de 100 mil fiéis de origem polonesa? Talvez em nossa pastoral nos utilizemos menos da língua polonesa, mas essa é a realidade em que nos cabe cumprir a honrosa e digna missão da Sociedade de Cristo. Eu gostaria de perguntar educadamente se os membros da nossa Sociedade que trabalham no Leste (Bielo-Rússia, Cazaquistão, Ucrânia) exercem a sua pastoral apenas em língua polonesa? Se nas outras províncias os nossos coirmãos estão envolvidos apenas na pastoral polônica e a realizam apenas em língua polonesa? Estou convencido de que os coirmãos que pertencem a esta Província e que estão envolvidos no trabalho pastoral nesta região do mundo têm consciência de que “a Sociedade deve muitas graças e bênçãos ao trabalho dos membros da Vossa Província”, a respeito do que há cinco anos nos escrevia o pe. Czesław Kamiński SChr – ex-superior geral da Congregação!
 
 
Além de desenvolver a atividade pastoral, a nossa Província promove uma cooperação regular com a Universidade de Varsóvia e a Universidade Jagiellonica de Cracóvia na área do desenvolvimento de pesquisas científicas a respeito dos núcleos polônicos no Brasil. Como resultado dessa atividade, foram publicados trabalhos científicos de pessoas que na área da Província realizaram as suas pesquisas. A respeito do trabalho da Sociedade de Cristo escreve em sua dissertação de doutorado Mariusz Malinowski, do Centro de Estudos Latino-Americanos (CESLA) da Universidade de Varsóvia, cuja opinião permito-me citar:
 
No movimento polônico brasileiro, exerce um papel excepcional a Sociedade de Cristo para os Poloneses Emigrados. [...] O trabalho da Sociedade de Cristo tem por objetivo a manutenção e o desenvolvimento da vida religiosa nos núcleos polônicos, bem como o desvelo pela cultura, pelos costumes e pela língua polonesa. Os padres cumprem essa missão no âmbito de uma pastoral que muitas vezes extrapola significativamente os limites do sacerdócio tradicionalmente compreendido, porquanto – além das celebrações regulares – desenvolvem também a atividade cultural, social e educativa. Asseguram periodicamente a celebração de missas em língua polonesa. Na realidade desenvolvem o seu ministério sacerdotal normal em língua portuguesa, buscando, no entanto, a preservação de elementos do simbolismo católico e cultural polonês. [...] Deixar de lado a atividade dos missionários dessa congregação na análise do movimento polônico no Brasil seria uma grande desatenção.
 
 
Uma outra manifestação dessa cooperação científica com o CESLA da Universidade de Varsóvia é a publicação da revista Projeções – Revista de estudos polono-brasileiros, que já tem uma história que vai se aproximando dos dez anos.
 
 
Por isso, com esperança e otimismo ingressamos em mais uma etapa da História, para com o nosso dedicado ministério pastoral escrevermos mais uma rica e fascinante página sobre a aventura de trabalho em prol da Igreja e em prol de novas gerações polônicas no Brasil.
 
 
Na realização dessa tarefa da Congregação, somos apoiados por vocações nativas, oriundas de famílias polônicas. Esse fato nos alegra e ao mesmo tempo nos confirma na convicção de que somos os continuadores da obra iniciada na América Latina em 1958 pelos nossos pioneiros.
 
 
O trabalho dos padres da Sociedade de Cristo na América do Sul não poderá ser compreendido inteiramente se não for percebida “com a razão e o coração” essa rica realidade na qual eles vivem e realizam o carisma da Congregação. Citei aqui uma expressão utilizada pelo prof. dr. Andrzej Dembicz, diretor do CESLA da Universidade de Varsóvia, quando afirma que a América Latina deve ser estudada “com a razão e o coração”. Há cinqüenta anos a Sociedade de Cristo já se encontra ligada, por um profundo vínculo de fé, trabalho e coração, com este “continente da esperança” – como o Santo Padre João Paulo II chamava a América Latina.
 
Zdzislaw MALCZEWSKI SChr
 
 
BIBLIOGRAFIA:
 
 
Ameryka Łacińska – rozumem i sercem, red. Francisco Rodríguez, Warszawa, 2003.
 
 
Arquivo do autor. Kronika Prowincji Towarzystwa Chrystusowego w Ameryce Południowej 1995-2004, dat.
 
 
KOŁODZIEJ, B. Towarzystwo Chrystusowe w Południowej Ameryce 1958-1988, Curitiba,1989.
 
 
MALCZEWSKI, Z. Obecność Polaków i Polonii w Rio de Janeiro, Lublin, 1995.
 
 
_______. W służbie Kościoła i Polonii. Towarzystwo Chrystusowe: Funkcje społeczne i
  duszpasterskie w środowisku polonijnym w Ameryce Łacińskiej, Warszawa, 1998.
 
 
_______. Polonii brazylijskiej obraz własny. Zapiski emigranta, Curitiba, 2007.
 
 
MALINOWSKI, M. Ruch  polonijny w Argentynie i Brazylii w latach 1989-2000, Warszawa, 2005.
 
 
Srebrny jubileusz Prowincji Towarzystwa Chrystusowego w Ameryce Południowej, red. Z. Malczewski, Curitiba-Cracóvia, 2004. 
 
 
Ustawy i Dyrektorium Towarzystwa Chrystusowego dla Polonii Zagranicznej, Poznań 1996.

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