A colônia polonesa do Brasil se une na dor e na oração com a Nação Polonesa


 

 
Zdzislaw MALCZEWSKI SChr 
 
 
A notícia da trágica morte do  presidente da Polônia Lech Kaczynski, de sua esposa Maria e  das pessoas que os acompanhavam, que ocorreu num desastre aéreo perto de Smolensk, na Rússia, abalou não apenas a comunidade polônica, mas também toda a sociedade brasileira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva proclamou no dia 10 de abril um luto oficial de três dias e numa mensagem enviada ao primeiro ministro Donald Tusk e ao presidente do Parlamento, Bronislaw Komorowski, que assumiu as funções presidenciais, expressou o seu pesar em razão da trágica morte do presidente da Polônia Lech Kaczynski, de sua esposa e de outras pessoas. Ao enviar as condolências, o presidente Lula assegurou a solidariedade da Nação Brasileira e relembrou os históricos vínculos de amizade entre os brasileiros e os poloneses. Por sua vez o ministro brasileiro das relações exteriores, Celso Amorim, numa mensagem ao ministro Radoslaw Sikorski, expressou as condolências e a solidariedade diante da Polônia – “país com o qual estamos unidos através de uma grande comunidade de imigrantes e de profundos laços de amizade e cooperação”. E Orlando Pessuti, governador do estado do Paraná, em cujo território estabeleceu-se o maior número de imigrantes poloneses, no sábado (10 de abril do corrente ano) proclamou igualmente três dias de luto. Numa nota oficial ele expressou o pesar em razão da catástrofe que provocou a morte do presidente da Polônia e das pessoas que o acompanhavam. O governador lembrou a participação dos imigrantes poloneses e dos seus descendentes na moldagem da identidade cultural e no desenvolvimento econômico do estado do Paraná. 
 
 
Em nome da comunidade polônica brasileira, expressamos diante das autoridades da República – representadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo ministro Celso Amorim e pelo governador Orlando Pessuti – os mais cordiais agradecimentos pela solidariedade demonstrada com a Nação Polonesa neste período muito difícil. Os poloneses e os brasileiros de origem polonesa que vivem e trabalham pelo bem da sua Pátria brasileira, do seu desenvolvimento geral e do seu progresso jamais se esquecerão desse comovente gesto dos mais elevados representantes da Nação Brasileira. Os três dias de luto nacional que foram anunciados, o luto no estado do Paraná e a lembrança dos históricos laços de amizade entre os nossos países constituem sinais de uma grande amizade do Brasil diante da Polônia! A comunidade polônica brasileira trará em seu coração e preservará para sempre na lembrança essas expressões de profunda amizade e solidariedade demonstradas pelos representantes do Brasil diante da Polônia – país de nossa origem ou da origem dos nossos antepassados! Que essa amizade perdure e se fortaleça para o bem das nossas duas Nações! 
 
 
Por iniciativa da Sra. Dorota Joanna Barys, consulesa-geral da Polônia em Curitiba, no domingo 11 de maio, na igreja polonesa de S. Estanislau (situada no centro da cidade), foram celebradas duas missas pelo falecido presidente Lech Kaczynski  e pelas demais vítimas do acidente aéreo. Através de correio eletrônico, na manhã de sábado (do tempo brasileiro) o Consulado Geral divulgou uma nota oficial a respeito da tragédia nacional polonesa e convidou para participar da missa os representantes das autoridades locais, o corpo consular e a comunidade polônica.  Às 9 horas foi celebrada uma missa em língua polonesa, presidida pelo pe. dr. Zdzislaw Malczewski SChr – reitor da Missão Católica Polonesa, que na ocasião também pronunciou um sermão. Foram concelebrantes o pe. Zbigniew Minta SChr – provincial da Sociedade de Cristo na América do Sul, o pe. Zenon Sikorski SVD – cura da paróquia polonesa e o pe. Casimiro Oldak SChr. Jovens do conjunto folclórico polonês Wisla, vestindo trajes populares, saudavam os fiéis que entravam no santuário. Antes do término da solene Eucaristia – celebrada com fé e esperança – os mencionados jovens trouxeram para junto do altar o velho estandarte de uma organização polônica e as bandeiras da Polônia e do Brasil ornamentadas de uma faixa negra. Enquanto os jovens se dirigiam da porta principal da igreja até o presbitério, um músico executou em seu trompete o hino da Polônia. E no ombro esquerdo das camisas brancas os jovens traziam faixas negras. Esse  costume não é conhecido no Brasil. Uma das moças do conjunto folclórico Wisla trazia sobre um lenço polonês de cor verde o retrato do casal presidencial. Após a localização das bandeiras nos lados do altar, tomou a palavra a consulesa-geral Dorota J. Barys, a qual falou que tais tragédias aproximam muito as pessoas. Ela também agradeceu por essa expressão de união com a Polônia. A missa foi filmada por uma equipe da TV Globo. Trechos da cerimônia foram mostrados no jornal da noite de domingo e repetidos no jornal do meiodia de segunda-feira (12 de abril).  
 
 
Às 10h15 foi celebrada uma outra missa, dessa vez em língua portuguesa. Presidiu a Eucaristia o  padre provincial da Sociedade de Cristo, e o sermão foi pronunciado pelo reitor da Missão Católica Polonesa no Brasil. Entre os fiéis esteve presente um representante do governador do estado do Paraná, bem como representantes do corpo consular. Entre os brasileiros presentes podiam ser vistos influentes representantes da colônia polonesa que, por não conhecerem bem a língua dos seus antepassados, preferiram rezar em língua portuguesa. Toda a celebração foi semelhante àquela promovida anteriormente em língua polonesa. 
 
Na embaixada da Polônia em Brasília e nos consulados gerais em Curitiba e em São Paulo foram expostos livros dcondolências. Durante a semana toda, representantes da sociedade brasileira e da colônia polonesa local puderam inscrever-se neles a fim de expressar as condolências e a participação na dor da nação polonesa.
 
 
Ao meio-dia de segunda feira (12 de abril), dirigi-me juntamente com o pe. Benedito Grzymkowski SChr ao Consulado Geral da Polônia em Curitiba a fim de nos inscrevermos no livro de condolências. Encontramos aí não apenas a senhora consulesa-geral Dorota J. Barys, mas também o eng. Rizio Wachowicz, presidente da Representação Central da 
Comunidade Brasileiro-Polonesa (Braspol) – o maior movimento polônico no Brasil, que se encontra presente em 16 estados do Brasil e possui 335 filiais. Em seguida veio um professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), responsável pelos contatos internacionais dessa instituição de ensino superior. Ao mencionar essas pessoas, quero dizer que na expressão de condolências diante da Polônia uniram-se os brasileiros com os poloneses que aqui residem e com a coletividade polônica.  
 
 
Estou profundamente convencido  de que em todos os lugares onde trabalham padres diocesanos e religiosos poloneses (não apenas em comunidade polônicas, mas também brasileiras), bem como irmãs religiosas polonesas representando numerosas congregações foi elevada uma oração ao Deus da Vida por aqueles que pereceram tragicamente, oferecendo a sua vida pela Pátria. A Polônia perdeu uma parte da sua elite. De repente, a morte trágica levou os seus melhores Filhos e Filhas!  A comunidade polônica brasileira reza para  que essa tragédia nacional traga à Polônia enlutada um grande bem, na forma de uma união mais profunda de todos em nome de valores superiores, para a maior glória da ilustre Polônia! Do distante Brasil, mergulhado em luto, em nome de toda a coletividade polônica, enviamos os nossos votos: “Paz a Ti, Polônia, Pátria nossa!” 
 
 
Curitiba, 12 de abril de 2010. 

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